Por Que Criar um Aplicativo Custa Caro e Como Tornar o Seu Mais Barato

Quais são os fatores que impactam no custo de desenvolvimento de um aplicativo e como algumas escolhas simples podem fazer uma grande diferença

Lucas Garcez
5 min readDec 10, 2020
Unsplash, por Kelly Sikkema

Você tem uma ideia de negócio e acredita que a melhor forma de entregar ela para os seus potenciais usuários é através de um aplicativo. Após algumas pesquisas no Google, conversas com algumas software houses, você percebe que colocar o seu aplicativo no ar sairá um pouco mais caro do que imaginou.

Tecnologia, software para ser mais exato, é um dos recursos mais caro de uma empresa, só para se ter uma ideia, um desenvolvedor experiente em grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro dificilmente custará menos de R$12.000,00 por mês, ou seja, uma equipe com 3 desenvolvedores vai aumentar sua folha de pagamento em quase meio milhão de reais por ano!

Seja você o fundador de uma startup tentando tracionar seu MVP, ou o CTO de uma grande empresa buscando novas ferramentas para entregar mais valor aos seus clientes, a pergunta que você deve se fazer em primeiro lugar é a seguinte: Eu precisa mesmo de um Aplicativo?

Aplicativos só fazem verdadeiramente sentido se estiverem atrelados a recorrência, coisas que as pessoas tem necessidade de usar quase que diariamente, e até mesmo se for esse seu caso, ainda assim existem diversas outras maneiras de você criar um MVP ou validar ideias de negócio antes de gastar meio milhão de reais em um projeto. Um exemplo que gosto muito é o do Tallis Gomes, fundador da Easy Taxi e da Singu. Quando ele pensou na ideia da Easy Taxi, ao invés de gastar milhares de reais na construção de um aplicativo, ele simplesmente criou um site onde as pessoas colocavam seu nome, e-mail, telefone e endereço e clicavam num botão "pedir táxi". Esses pedidos caiam no e-mail pessoal do Tallis, com isso ele colocava no Google Maps o endereço informado pela pessoa e encontrava pontos de táxi próximos. Combinava a corrida com o motorista e informava o cliente qual era o carro e a placa que buscaria-o. Tudo manual, longe de ser escalável, mas o suficiente para validar seu modelo de negócio.

Então reflita bastante antes de começar o processo de criação do seu aplicativo, pois eles são caros! Feita as considerações acima, digamos que no seu caso faça realmente sentido ter um aplicativo e chegou a hora de dar início ao desenvolvimento para coloca-lo no ar! A seguir compartilharei alguns fatores que têm grande impacto no custo de um aplicativo e dicas que podem ajudar a tornar seu projeto mais barato.

#1 Funcionalidades

Esse é o fator mais óbvio e talvez o qual mais seja negligenciado. Se você acha que seu aplicativo deve ser lançado com 10 funcionalidades diferentes, provavelmente você ainda não descobriu de fato o valor que está tentando entregar ao usuário, favor volte uma casa! Seja muito cuidadoso na hora de escolher o que será implementado, quanto mais funcionalidades, maior o tempo de desenvolvimento e maior o custo.

Outro ponto de atenção com relação as funcionalidades é a sua complexidade, mas veja bem, não é complexidade do seu ponto de vista ou do usuário. É complexidade do ponto de vista de engenharia de software, o quão difícil, quantas etapas, validações e integrações são necessárias para que seu aplicativo possa realizar determinada tarefa. Aqui obviamente, a complexidade será dada pelos responsáveis técnicos, então mantenha-se próximo da equipe de desenvolvimento e ao invés de olhar apenas o tempo e custo total, analise também cada funcionalidade individualmente, assim você consegue enxergar com mais clareza o que está puxando para cima o preço final.

#2 Interfaces

Todo desenvolvedor de aplicativos, com o tempo, acaba aprendendo e absorvendo conhecimento sobre UI (User Interface) e UX (User Experience), e isso é muito bom, pois em determinados casos, principalmente em estágios iniciais, pode não ser necessário um profissional específico para isso. Nós desenvolvedores estamos sempre de olho em aplicativos famosos como Uber, Instagram, IFood e WhatsApp. Com isso conseguimos absorver boas práticas na hora de criar um aplicativo. Posição dos elementos na tela, combinação de cores e navegação são só alguns exemplos do que podemos aprender com essas empresas que são referência em tecnologia.

Digamos que dentro do seu aplicativo será necessário um chat para o usuário se comunicar com os demais, as telas dessa funcionalidade serão muito parecidas com a de aplicativos que você já conhece, como WhatsApp, Telegram ou Direct do Instagram. O padrão é esse, funciona muito bem, então não tem por que fugir dele. Tirando algumas mudanças de cores, fontes e tamanhos, seu chat será basicamente o mesmo. A principal dica aqui é: Não tente reinventar a roda.

Conforme o seu projeto se desenvolver e ganhar tração, em algum momento será necessário ter um profissional de UI/UX para auxiliar na tarefa de construção de telas e identidade visual, mas nas primeiras versões vale a pena abrir mão de uma alta customização e identidade em troca de uma entrega mais rápida e mais barata, faça o bom e velho feijão com arroz.

#3 Nativo x Multiplataforma

Hoje é quase impossível pensar em desenvolver um aplicativo e não disponibiliza-lo tanto para Android quanto para IOS. Mas como são sistemas operacionais diferentes, os aplicativos são desenvolvidos com linguagens e ferramentas diferentes, ou seja, é necessário a construção de um aplicativo específico para cada um deles. Dois aplicativos, duas vezes o preço :)

Felizmente existem algumas tecnologias conhecidas como multiplataforma que a partir de um único código fonte conseguem gerar aplicativos para Android e IOS. Isso pode reduzir o custo e tempo de desenvolvimento quase pela metade. Só não chega a ser exatamente a metade pois ainda existem alguns processos e tratamentos que são específicos para cada plataforma, como a publicação do aplicativo na loja por exemplo.

Mas antes de adotar alguma dessas tecnologias multiplataformas, é necessário uma avaliação técnica para saber se a mesma atende todas as necessidades do projeto, pois alguns requisitos podem acabar inviabilizando o uso. Via de regra, se seu aplicativo não faz algo de muito diferente do que você está acostumado ver em outros aplicativos, o desenvolvimento multiplataforma é uma escolha viável.

Consideração Final

Sou desenvolvedor e apaixonado por software, essa é a minha profissão, meu foco de estudos e também meu hobby, mas não acredito que um aplicativo seja uma escolha ideial para todos os tipos de ideia ou de negócio.

Tecnologia não é um fim, é um meio, você não deveria pensar apenas em ter a "ideia de um aplicativo", mas sim em ter a ideia e por em prática um produto ou serviço que resolve um problema real, eventualmente esse seu produto ou serviço pode ser oferecido através de um aplicativo, se esse for o caso, espero que as dicas acima te ajudem na jornada.

“A maioria dos produtos não fracassa por causa da execução insatisfatória, mas sim porque a empresa está desenvolvendo algo que ninguém quer.” — Eric Reis, em A startup enxuta.

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Lucas Garcez

CEO na @coffstack. React Native, TypeScript, React e café.